(Versão Oficial — Pergunta & Resposta)
ABERTURA
CHAKUISA:
Bom dia, bom dia, ouvintes da Rádio 8000! Estamos em sintonia, chegamos para mais uma edição do nosso programa Espaço Entrevistas, aqui a partir da centralidade do Zango 8000, província de Icolo e Bengo.
Hoje é sábado e temos mais um convidado especial. Ele vem falar da sua caminhada musical, da sua banda, do seu percurso e dos seus projetos.
Estou a falar de Khamon, artista que começou a carreira em 2008.
Khamon, seja muito bem-vindo.
KHAMON:
Obrigado. Boa, boa, Mano.
CHEGADA À RÁDIO
CHAKUISA:
Como é que foi chegar até aqui? Custou muito?
KHAMON:
É pá, viemos do Zango, né? O Mano tem a grana, pá.
CHAKUISA:
(ri) É isso que estamos todos a procurar, né?
Então vamos começar: começaste em 2008. Como é que tudo começou?
INÍCIO DA CARREIRA
CHAKUISA:
Quando começaste, quais eram os artistas que mais ouvias?
KHAMON:
Ouvia muito Tupac, Dr. Dre, Prodígio, Kota Yannick, Valete… muitos artistas com mensagem forte.
POR QUE O RAP?
CHAKUISA:
E por que escolheste o rap e não outro estilo musical?
KHAMON:
Para mim, o rap é o caminho natural para transformar a dor em música.
É a minha forma de expressão.
REFERÊNCIAS INTERNACIONAIS
CHAKUISA:
A nível internacional, tirando Tupac, consomes mais artistas de onde? EUA? França? Bélgica?
KHAMON:
Sim, consumo mais França e Europa: Booba, Akhenaton, MC Solaar, Rohff… muitos.
NOVA GERAÇÃO EM ANGOLA
CHAKUISA:
Da nova geração angolana, tens algum artista com quem gostarias de fazer um trabalho?
KHAMON:
Sim, muitos bons: MC Cabinda, Mó Velho, Pancho Leneiro…
CHAKUISA:
Pancho Leneiro do Palanca?
KHAMON:
Sim, sim.
ARTISTAS DO KAZENGA
CHAKUISA:
E do Kazenga? Algum artista do teu bairro com quem já dividiste palco?
KHAMON:
Não, não. Não me interesso muito.
CHAKUISA:
Então ouves mais artistas de outras zonas?
KHAMON:
Certo. Porque muitos não têm visão, nem boas letras.
PROCESSO DE ESCRITA
CHAKUISA:
Como é que começas a escrever uma letra? O que vem à mente?
Por exemplo, “A Grana”: como surgiu?
KHAMON:
“A Grana” veio num momento escuro da vida. Eu estava numa loja, numa fase difícil, e a música transformou essa dor.
E “grana” não é só dinheiro. É mentalidade, sobrevivência, prisão e liberdade.
Escrevo muito para aliviar a mente.
SIGNIFICADO DA MÚSICA "A GRANA"
CHAKUISA:
Então “A Grana” é para incentivar as pessoas a lutar e conquistar estabilidade?
KHAMON:
Certo.
PREOCUPAÇÕES SOCIAIS
CHAKUISA:
O que mais te preocupa na sociedade, em Angola e no mundo?
KHAMON:
A saúde e o bem-estar do povo.
Quero que vivamos num mundo melhor, longe do sistema que nos prende.
ESTILO MUSICAL
CHAKUISA:
Com qual estilo te identificas mais? Trap, boom bap, rap dançante?
KHAMON:
Eu sou artista, não tenho estilo fixo.
Faço boom bap, afro, rumba, kuduro… canto em qualquer beat.
Se o beat inspira, eu vou e cospes naturalmente.
OBJETIVO NA MÚSICA
CHAKUISA:
Onde queres chegar com a música?
KHAMON:
Não quero apenas tocar em rádios ou TV.
Quero tocar nas almas.
Quero chegar à consciência das pessoas.
INSPIRAÇÃO, ESTUDO E PESQUISA
CHAKUISA:
És daqueles artistas que estudam e pesquisam muito?
KHAMON:
Sim. A minha base é a mente.
A minha arte é um movimento, não só música.
PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO
CHAKUISA:
Como funciona a tua produção? Quem produz, quem distribui?
KHAMON:
Trabalho com DJ Rua Babit, Ekinzao e Toledão Ralo.
Produção e distribuição é tudo com eles no estúdio.
PRESENÇA DIGITAL
CHAKUISA:
E como está o teu posicionamento digital? O pessoal baixa, partilha, comenta?
KHAMON:
Está indo bem, graças a Deus.
PRIMEIRA VEZ NO ZANGO
CHAKUISA:
É a tua primeira vez no Zango?
KHAMON:
Sim, sim.
CHAKUISA:
Já ouviste falar muito do Zango?
KHAMON:
Sim, dizem que é uma viagem longa para chegar aqui. (risos)
PROCESSO DE CRIAÇÃO EM ESTÚDIO
CHAKUISA:
O produtor envia o beat? Ou trabalham juntos no estúdio até surgir a ideia?
KHAMON:
Trabalhamos juntos.
Tenho uma inspiração, marco o dia, damos ideias, analisamos e criamos magia.
PRIMEIRA VEZ EM ESTÚDIO
CHAKUISA:
Lembras-te da primeira vez no estúdio?
KHAMON:
Sim. Foi no Congo, na República do Congo.
Gravei no gueto, no estúdio de um velho. Foi fixe.
LIGAÇÃO COM O CONGO
CHAKUISA:
Tens ligação com a República Democrática do Congo?
KHAMON:
Sim, vivi lá muito tempo.
CONGO: KINSHASA OU BRAZZAVILLE?
CHAKUISA:
Quando falas de Congo, estás a falar de Kinshasa ou Brazzaville?
KHAMON:
Kinshasa.
VIDA NO CONGO
CHAKUISA:
Como é viver lá?
KHAMON:
Dá para aguentar. África é África: sistema, política…
Mas dá para viver.
MENSAGEM EM FRANCÊS OU LINGALA
CHAKUISA:
Manda um abraço em francês ou lingala ao pessoal no Congo.
KHAMON:
(Fala em lingala/francês)
CHAKUISA:
Agora traduz para português.
KHAMON:
(Tradução)
PROBLEMAS DE ÁFRICA
CHAKUISA:
Como vês os problemas da África?
KHAMON:
O problema é mentalidade.
Falta consciência.
As pessoas não respeitam o próximo.
Quando morremos, não levamos nada.
A DESIGUALDADE
CHAKUISA:
E essa falta de ajuda entre familiares e amigos?
KHAMON:
Isso é gato.
Muitos não querem ver os outros crescer.
Devemos mudar.
RESPONSABILIDADE DO ARTISTA
CHAKUISA:
Os artistas refletem o que o povo vive?
KHAMON:
Alguns sim.
CHAKUISA:
E tu? Já fizeste músicas sobre a realidade social?
KHAMON:
Sim. A maioria das minhas músicas fala de ruas, filosofia, consciência…
IDENTIDADE AFRICANA & LÍNGUAS
CHAKUISA:
Na música “A Grana” misturas português, lingala e francês. Como surgiu?
KHAMON:
É uma conexão global.
O mundo é nosso.
Angola, Kinshasa, Brazzaville, Gabão… somos uma família.
IMIGRAÇÃO
CHAKUISA:
Como vês a situação da imigração?
KHAMON:
A vida é rotativa.
O dinheiro está em todos os lados.
Se não ganho aqui, posso ganhar noutro país.
MERCADO MUSICAL ANGOLANO
CHAKUISA:
O mercado está fechado?
KHAMON:
Está fechado, mas se fecharem a porta, eu entro pela janela.
Se fecharem a janela, entro pelo teto.
Eu luto.
COLABORAÇÕES NACIONAIS
CHAKUISA:
Quais artistas nacionais gostarias de cantar?
KHAMON:
Mocotay Yannick, Afroman, MC Cabinda, Benchley Nero, R.L. Pelly, Kanga G…
CHAKUISA:
Queres deixar mensagem para eles?
KHAMON:
Sou vosso colega e irmão.
Preciso de apoio.
Estamos a trabalhar para melhorar as coisas.
Dêem-me um sangue.
RECEPÇÃO DO PÚBLICO
CHAKUISA:
Como o público recebe “A Grana”?
KHAMON:
Muito aplauso, mas não busco aplausos.
Busco sentido.
Quero que sintam a mensagem.
PROJETOS FUTUROS
CHAKUISA:
Tirando “A Grana”, como está o teu projeto?
KHAMON:
A Grana é só um single.
Em 2026 vamos lançar o álbum com 12 faixas.
Trabalho com dois beatmakers diferentes.
CHEGADA À RÁDIO 8000
CHAKUISA:
Como chegaste até nós? Como conheceste a Rádio 8000?
KHAMON:
Vi nas redes sociais.
Senti a chama.
Quis entrar na casa.
CHAKUISA:
Estás a gostar da nossa forma de trabalho?
KHAMON:
Muito.
ENCERRAMENTO
CHAKUISA:
Obrigado, Khamon, pela presença e pela partilha.
A Rádio 8000 continua aqui na centralidade do Zango 8000, a apoiar artistas, divulgar música e abrir portas.
Web rádios como a nossa permitem visibilidade global, entrevistas completas, cortes, YouTube e muito mais.
Artistas, venham divulgar o vosso trabalho — temos uma audiência mundial.
Até à próxima!
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