“Entrevista Exclusiva com o Rapper Jaggs SR: A Nova Voz do Hip-Hop Moçambicano” - Rádio 8000

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sexta-feira, 21 de novembro de 2025

“Entrevista Exclusiva com o Rapper Jaggs SR: A Nova Voz do Hip-Hop Moçambicano”



Apresentador: Chakuisa | Rádio 8000
Artista: Jaggy SR (Moçambique)


Abertura

CHAKUISA:
A música não para, a música está no ar! Já temos o nosso convidado no painel. Ele é moçambicano, rapper, trabalhador incansável e já esteve connosco antes. Mano Jaggy, seja bem-vindo mais uma vez à Rádio 8000.

JAGGY SR:
Ora viva, muito obrigado pela oportunidade. Mais uma vez na Rádio 8000. Vamos bater um papo muito nice, muito agradável. Boa noite aos ouvintes da Rádio 8000. Jaggy na casa!


1. Situação em Moçambique

CHAKUISA:
Mano, como é que está Moçambique? Sei que aí já é tarde, uns estão a dormir, outros nas discotecas porque hoje é sexta-feira…

JAGGY SR:
Moçambique está nice, está good, com uma temperatura favorável para uma sexta-feira. As ruas estão cheias, o pessoal a curtir. Eu estou em casa porque tinha que estar aqui no programa hoje. Está tudo top. E Angola, como está?


2. Estado da Carreira

CHAKUISA:
Angola está bem! E a tua carreira, desde a última vez que estiveste aqui?

JAGGY SR:
A carreira está a andar, está mil. Na última vez falei do álbum que ia lançar e agora estou na fase final. Aliás, ele já está pronto. O lançamento oficial será no dia 29 de novembro deste ano. O álbum chama-se “De Volta às Origens” e traz muitos artistas da cidade da Beira e não só. É um álbum que promete revolucionar o hip-hop da Beira. Tenho trabalhado com muito sacrifício para entregar boa música ao público.


3. O Evento de Lançamento

CHAKUISA:
Sei que vais protagonizar um grande evento. Tem a ver com o lançamento do álbum?

JAGGY SR:
Sim. Vou lançar o álbum no dia 29 de novembro e, depois disso, vou realizar um mega concerto para celebrar o lançamento. Terei artistas convidados de várias províncias do país. Vai ser uma grande festa.


4. Quem é o Jaggy SR

CHAKUISA:
Para quem não te conhece, quem é o Jaggy? Como começaste no rap?

JAGGY SR:
Sou um jovem moçambicano da cidade da Beira, a segunda maior cidade do país. Entrei na música nos anos 2000 por influência do meu irmão mais velho. Na altura ouvia muito Boss AC, G-Pro, Black Company, JCPs, e também rap americano. Em 2001 formei o grupo Sequoia Roots com dois manos, Small S.R. e Jangado S.R. O nome começou como “Raiz Quadrada”, mas mudámos para Sequoia Roots porque soava melhor. O grupo acabou por se desmanchar, mas eu continuei porque a música sempre fez parte de mim. Parei por uns anos, devido à vida familiar e profissional, mas agora estou oficialmente de volta às origens.


5. O Rap de Antigamente vs. Rap da Nova Escola

CHAKUISA:
Quando começaste, o rap era vivido de outra maneira. Como vês o rap da nova geração?

JAGGY SR:
Na nossa época fazíamos rap por amor, não por moda. Caminhávamos quilómetros só para gravar uma música. Organizávamos rodas de freestyle nos bairros, discutíamos hip-hop. Hoje parece que muitos fazem rap por tendência. Ainda há talento, claro, mas falta ligação com a essência. O movimento vive, mas precisa de continuidade geracional.


6. Era Digital e Desafios

CHAKUISA:
Hoje vivemos na era digital. Como encaras essa realidade?

JAGGY SR:
É bom e desafiante ao mesmo tempo. Em Moçambique ainda temos dificuldades de internet. Se viajares da Beira para Maputo, vais encontrar zonas sem rede nenhuma. A era digital facilita levar a música para Angola, Portugal, Brasil… mas localmente ainda é complicado, porque se as pessoas da tua zona não te conhecem, não adianta. O streaming também exige muitos dados, e nem todo mundo tem acesso.


7. O Hip-Hop na Beira

CHAKUISA:
Como está o hip-hop na Beira atualmente?

JAGGY SR:
Está saudável. Houve um período de hibernação, mas quando voltei às origens, parece que o movimento acendeu de novo. Há muitos álbuns a sair, e o movimento está mais coeso. Junto com alguns manos, criámos o Combo Show, um movimento que organiza shows quinzenais de rap. A Beira, ou “Beat Sound”, está viva.


8. Referências Musicais

CHAKUISA:
Quais foram as tuas principais referências no início?

JAGGY SR:
Jay-Z, Black Company, Boss AC e Valete. Em Moçambique, Duas Caras e Azagaia foram grandes influências. No rap angolano ouço muito CFK da Flow, Kid MC, Prodígio e NGA.


9. Primeiras Gravações

CHAKUISA:
Lembras-te da primeira vez que entraste no estúdio?

JAGGY SR:
Sim. Em 2001 gravávamos em cassete. O primeiro digital foi em 2005, mas não chegou ao público. Em 2010 gravei numa mixtape do projeto Banda 100. Depois disso parei por muitos anos. Voltei apenas em dezembro de 2023, influenciado pelo meu irmão Dota, que me apresentou o beat Thank God. Essa música fez-me voltar ao rap e no início de 2024 já tinha 24 músicas gravadas.


10. A Música “Meu Bairro”

CHAKUISA:
Fala-nos da música Meu Bairro.

JAGGY SR:
Sou do bairro Mataquane, uma zona com muita influência no hip-hop da Beira. Num grupo de WhatsApp surgiu um debate sobre bairros e aquilo inspirou-me a exaltar a minha zona. A música foi feita para homenagear o lugar onde cresci.


11. A Música “Thank God”

CHAKUISA:
Tens também a música Thank God, com K-Bip.

JAGGY SR:
Sim. Thank God foi a música que me trouxe de volta. É dividida em três partes: a minha entrada no rap, a minha paragem e o meu regresso. O K-Bip fez o coro e deixou a música ainda mais forte.


12. A Música “Sexta-Feira”

CHAKUISA:
E a música Sexta-Feira?

JAGGY SR:
É uma celebração. A sexta-feira é o dia de aliviar o stress da semana, beber um copo, conversar com amigos. É para passar boa vibração e energias positivas.


13. Processo de Composição

CHAKUISA:
Como compões? Escreves antes ou no estúdio?

JAGGY SR:
Eu escrevo muito. Normalmente escrevo antes de ter o beat. Encontro frases em livros, músicas, conversas, e transformo em ideias. Depois encaixo a letra no instrumental. Às vezes escrevo sobre o beat, mas é raro.


14. Divulgação

CHAKUISA:
Depois de compor e gravar, onde divulgues o teu trabalho?

JAGGY SR:
Uso muito redes sociais: WhatsApp, TikTok, YouTube, Facebook e Instagram. Também tenho estado em rádios e televisões. As redes são o centro de tudo hoje.


15. Produção do Álbum

CHAKUISA:
Como foi a produção do álbum? Quem participou?

JAGGY SR:
O álbum está pronto desde o ano passado, mas decidi não lançar porque ainda não tinha recuperado visibilidade no movimento. Produzi 80% do álbum. Tive apoio de produtores como Dedeco, Dota e principalmente Kames, da Nova Cassete Studio, que produziu cerca de 80% das faixas. Captação, mistura e master também foram feitas na Nova Cassete. Foi tudo independente e sem patrocínios, o que torna tudo mais desafiante.


16. Custo de Fazer Música em Moçambique

CHAKUISA:
É caro fazer música em Moçambique?

JAGGY SR:
Tem custos, sim. Mesmo com apoio dos manos nos beats, a captação e mistura têm preços. E sendo independente, tudo depende de nós. Não é fácil, mas é gratificante.


17. Distribuição do Álbum

CHAKUISA:
O álbum será físico ou só digital?

JAGGY SR:
Digital, principalmente. Mas vou lançar 200 CDs físicos. Apenas 200. Para mim é importante ter algo físico como representação do trabalho, como uma relíquia. Daqui a dez anos quero que meu filho veja o CD e perceba o valor histórico da obra.


Encerramento

CHAKUISA:
Jaggy, muito obrigado por esta conversa. O movimento agradece. Succesos sempre!

JAGGY SR:
Obrigado eu. Jaggy na casa.


Ouvir a entrevista 

 

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