Em entrevista exclusiva, Simon Júnior, presidente da comunidade Hip-Hop local, celebra a condecoração recebida pelo Governo Provincial e destaca o papel do movimento como parceiro social na região Sul.
Por: Redação 8000
O movimento Hip-Hop na província da Huíla vive um momento histórico de transição. O que antes era alvo de estigmas e preconceitos, hoje ganha o selo de mérito oficial. Simon Júnior, figura central e presidente da comunidade Hip-Hop na província, foi recentemente condecorado pelo governo local, um gesto que simboliza a vitória de uma "parcela social" que lutou anos pela sua voz.
Em conversa franca, o líder associativo detalhou o impacto desta distinção e a evolução do movimento no Lubango, reforçando que o reconhecimento não é individual, mas de toda uma classe artística que se tornou "guardiã da comunidade".
O "Casamento Perfeito": Identidade Angolana e Valores Sociais
Para Simon Júnior, o sucesso do Hip-Hop na Huíla reside na capacidade de adaptação. O líder explicou que a comunidade conseguiu realizar um "casamento perfeito" entre a cultura importada dos EUA e a essência angolana, resultando num movimento pedagógico e preservador de valores.
"Contextualizamos a cultura no tempo e no espaço. O nosso Hip-Hop é mais 'angularizado'. Levamos a essência e mostramos que cultura é tudo o que é positivo", afirmou Simon.
O Papel do Governo e a Reciprocidade
A relação entre os "hip-hopers" e o Executivo Provincial, liderado pelo Governador Nuno Mahapi Dala, foi apontada como um pilar fundamental para este novo cenário. Segundo Simon, o reconhecimento foi recíproco, uma vez que a comunidade também consagrou o dirigente como um dos "padrinhos" do movimento.
O apoio institucional permitiu a realização de marcos históricos, como a Conferência Regional Sul de Hip-Hop, posicionando a Huíla como a segunda província com maior destaque no gênero a nível nacional, superando a barreira do desinteresse do empresariado local.
Mensagem à Nova Geração: "Cantar a Verdade"
Ao finalizar a sua intervenção, o presidente deixou um apelo ético aos novos talentos. Num mundo de aparências e ostentação visual, Simon defende o regresso às origens do Rap consciente:
Realismo Social: "Não vamos cantar sobre carros ou joias que não temos. Vamos cantar sobre a realidade do povo."
Solidariedade: "Cada hip-hoper é um guardião da sua comunidade."
Paz e Construção: Com 22 anos de paz efetiva em Angola, o movimento deve atuar como a "maior ONG do mundo", transformando jovens em referências positivas.
Um Legado de 50 Anos
A condecoração na Huíla surge no contexto global de celebração dos 52 anos da cultura Hip-Hop, reafirmando o seu papel como ferramenta de transformação social capaz de retirar jovens da marginalidade e integrá-los no debate público e cultural de Angola.
OUÇA A ENTREVISTA :
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