LUANDA – O cenário político angolano e a sociedade civil amanheceram sob o signo do luto. A morte de Fernando da Piedade Dias dos Santos, carinhosamente conhecido como "Nandó", ocorrida nesta quinta-feira (18), encerra um capítulo fundamental da história contemporânea de Angola. O antigo Vice-Presidente e ex-Presidente da Assembleia Nacional faleceu aos 75 anos, vítima de um AVC súbito.
As últimas horas
Segundo fontes próximas à família, o estadista foi encontrado inconsciente na área de lazer da sua residência, no bairro Alvalade, em Luanda. Apesar da rapidez no transporte para a Clínica Girassol e das tentativas exaustivas de reanimação por parte da equipa médica, o óbito foi confirmado no início da tarde.
Um percurso de Estado
Nandó não foi apenas um político; foi um mediador em momentos críticos de transição. O seu currículo confunde-se com a própria estrutura do Estado angolano pós-independência:
Pacificador: Como Primeiro-Ministro (2002-2008), geriu os desafios imediatos do pós-guerra civil.
Legislador: Presidiu a Assembleia Nacional por quase uma década, sendo o rosto da estabilidade parlamentar.
Segurança: Deixou a sua marca na Polícia Nacional e no Ministério do Interior, onde era respeitado pela disciplina e rigor.
Reações e Luto Nacional
O Presidente da República, João Lourenço, descreveu Nandó como um "nacionalista de convicções profundas". Em Luanda, as bandeiras já se encontram a meia-haste. A UNITA, principal força da oposição, também rendeu homenagem, sublinhando que, para além das divergências partidárias, "Angola perde um dos seus filhos mais notáveis".
Nas ruas da capital, o sentimento é de choque. "Ele era a face da serenidade. Mesmo nos momentos de tensão, o Nandó passava calma", comentou um cidadão durante as vigílias espontâneas que começam a surgir.
O Legado
Para os analistas, o legado de Fernando da Piedade será medido pela sua capacidade de diálogo. Numa era de polarização, ele manteve canais abertos com todas as sensibilidades políticas, sendo visto como um "homem do sistema" que sabia ouvir.
Nota da Redação: O Governo de Angola anunciou que o funeral terá honras de Estado, com uma comissão multissetorial já criada para organizar as exéquias, que devem atrair delegações internacionais de toda a CPLP e da região da SADC.
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