Por Rádio Ouvinte – Programa Papo Recto
Luanda, 4 de novembro de 2025
A participação do General Paka no programa “Papo Recto”, da Rádio Ouvinte, voltou a incendiar as redes sociais e a agitar o meio político angolano. Conhecido pelo discurso frontal e pelo estilo polémico, o militar reformado criticou a governação atual, revisitou momentos marcantes da guerra civil e voltou a defender uma profunda mudança no cenário político nacional.
Revisitação da guerra civil: “Na guerra não se dá beijo”
Numa das declarações mais citadas, o general relembrou o período de conflito armado e rejeitou a narrativa que responsabiliza apenas a UNITA pela violência da guerra.
“Só a UNITA matou? Eu fui das FAPLA! Os helicópteros quando saíam, iam para lá matar. Na guerra não se dá beijo.”
Para ele, o discurso político atual cria divisões artificiais e tenta reescrever o passado com base em interesses partidários.
Críticas duras à governação atual
Ao abordar a atual liderança do país, Paka lançou críticas severas ao Executivo, acusando-o de falta de competência e foco na corrupção.
“A governação em Angola é um bando de gente sem conhecimento, preocupada apenas em roubar e transferir capitais para fora.”+
O Presidente João Lourenço também foi alvo direto:
“Eu acho que o João Lourenço é um malfeitor. Nunca o vou respeitar enquanto for um mal comportado como é.”
Segundo o general, a crise social — marcada pela fome, falta de oportunidades e dificuldades no acesso à educação — é resultado direto de uma liderança desgastada.
Acusações ao MPLA: “Criado pelos portugueses”
A entrevista ganhou novo tom de controvérsia quando Paka afirmou que o MPLA teria sido criado por estruturas coloniais portuguesas.
“O MPLA é um protótipo da PIDE e da DGS. Foi criado pelos portugueses e até hoje serve interesses do colonialismo.”
Ele acrescentou que o partido seria controlado por “donos invisíveis”, responsáveis por decisões do núcleo duro.
Punições, censura e histórias pessoais
O general relatou episódios em que teria sido censurado dentro do partido por manifestar opiniões divergentes. Segundo ele, práticas antigas continuam presentes.
“O MPLA não é uma organização séria. Fui censurado publicamente. O meu pai também foi sancionado e acabou expulso.”
Expulsão de Waldemir Cônego: “Injusta”
Questionado sobre a recente expulsão do jovem político Waldemir Cônego, Paka classificou o ato como antidemocrático.
“Acho injusto. No MPLA ninguém pode falar, senão é sancionado.”
Sobre Adalberto Costa Júnior: “Quando ele tomar o poder, isso vai mudar”
Paka voltou a demonstrar apoio ao líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, afirmando acreditar numa mudança de paradigma caso este venha a governar o país.
Reconciliação nacional: crítica ao gesto presidencial
Ao comentar a cerimónia que condecorou Agostinho Neto, Jonas Savimbi e Holden Roberto, o general minimizou a dimensão do ato:
“O João Lourenço não tem a dimensão do Holden, nem do Savimbi, nem do Agostinho Neto. Ele não tem arcabouço para perdoar ninguém.”
Humor ácido e viralização
A entrevista misturou momentos de tensão com o humor característico do general, como quando afirmou estar “farinhento” — expressão popular para indicar falta de dinheiro. Como em participações anteriores, as declarações viralizaram rapidamente.
Mini-Biografia: General Paka
Manoel Paulo Mendes de Carvalho, conhecido como General Paka, é militar reformado, antigo quadro das FAPLA e ex-membro do MPLA. Filho do nacionalista Agostinho André Mendes de Carvalho, ganhou notoriedade por suas posições públicas críticas e intervenções em debates sobre política e governação em Angola.
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