Em tempos em que a informação circula com velocidade e alcance sem precedentes, o papel do jornalista deveria ser o de guardião da verdade. No entanto, em Angola — como em muitos outros lugares — observa-se com crescente preocupação a tendência de alguns profissionais e influenciadores digitais em transformar a comunicação social num instrumento de manipulação, favorecendo interesses partidários, pessoais ou financeiros.
O jornalismo nasce e vive do compromisso com a imparcialidade. O jornalista não é militante, nem paladino de causas políticas; é mediador da verdade, voz do povo, e intérprete dos factos. Contudo, essa essência parece estar a ser corrompida por quem escolhe vestir a camisola de partidos ou grupos, esquecendo o dever maior que é o respeito pela ética e pela informação honesta.
Nos últimos tempos, tem-se assistido a apresentadores de televisão, moderadores de programas de debate, criadores de conteúdo e até alguns repórteres que, sob o disfarce da “opinião”, utilizam o microfone ou a câmara para defender determinadas forças políticas, omitir factos e distorcer realidades. A manipulação das narrativas, o silêncio seletivo e as “meias verdades” tornam-se armas perigosas, capazes de enganar o público e fragilizar a confiança da sociedade na imprensa.
Há também quem transforme a informação em moeda de troca — usando rumores, supostas “furos jornalísticos” ou informações distorcidas para chantagear figuras públicas ou instituições. Esta prática, além de desonrar a profissão, desvirtua o propósito da comunicação social: servir o cidadão com rigor, independência e responsabilidade.
Um jornalista comprometido com a verdade não teme as consequências de dizer o que é factual, mesmo que isso desagrade a um partido, a um líder, ou a um patrocinador. A imparcialidade não é neutralidade cega; é a coragem de colocar a verdade acima das conveniências.
O país precisa de comunicadores que inspirem confiança, que formem consciências críticas e não massas manipuladas. A credibilidade é o maior património de um jornalista — e, uma vez perdida, dificilmente se recupera.
Que cada profissional de comunicação olhe para o microfone, para a câmara ou para o teclado com o respeito que esses instrumentos exigem. Porque informar é servir. E quem serve à mentira, cedo ou tarde, será julgado pela história — e pelo próprio povo.
Por Chakuisa Muachinguenji
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