Em Angola, muitos artistas independentes investem somas significativas na produção musical: compram beatz, pagam horas de estúdio, gravações, misturas e masterizações de alta qualidade. No entanto, quando chega o momento de divulgar a obra ao público, surge um dos maiores desafios: a promoção.
Grande parte dos músicos encara a promoção como algo que deveria ser gratuito — esperam que as rádios e televisões passem os seus trabalhos sem custos. Contudo, a realidade do mercado musical e da comunicação é diferente.
Porquê investir na divulgação?
A música, por melhor que seja, precisa de chegar ao ouvinte. A divulgação é a ponte entre o artista e o público. Sem ela, o investimento feito em produção perde impacto, porque o alcance fica limitado apenas às redes pessoais do músico.
Nas rádios, as músicas ganham rotação e constroem reconhecimento junto de um público vasto, inclusive em zonas onde a internet ainda não chega com força.
Na televisão, o impacto é visual: videoclipes, entrevistas e atuações ao vivo fortalecem a imagem do artista.
Nas plataformas de streaming, a vantagem está na acessibilidade global e na possibilidade de monetização através de streams.
Portanto, a promoção não é um gasto supérfluo, mas sim parte essencial da carreira de qualquer artista.
Porque é que rádios e TVs cobram?
Muitos artistas questionam os custos cobrados por rádios e televisões para divulgar músicas. Porém, esses meios de comunicação também têm despesas operacionais elevadas:
Pessoal (locutores, jornalistas, técnicos de som e imagem);
Manutenção de estúdios e equipamentos;
Licenciamento e direitos de transmissão;
Custos de energia, satélite e internet;
Produção de programas que dão visibilidade aos artistas.
Assim, quando cobram pela promoção de uma música, não é apenas por “interesse financeiro”, mas porque oferecem um serviço profissional de comunicação que garante alcance, credibilidade e retorno de imagem para o artista.
A mudança de mentalidade necessária
No mercado internacional, é comum os músicos investirem não só na produção, mas também em estratégias de marketing musical. Em Angola, é fundamental que os artistas compreendam que promoção não é favor: é investimento. Quem quer viver de música precisa encarar a divulgação como parte integrante do processo criativo e comercial.
Investir em rádios, TVs e plataformas digitais significa apostar no crescimento da própria carreira, alcançar novos públicos e, a médio prazo, ter retorno através de concertos, patrocínios e contratos.
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