Jornalista alerta para falhas na comunicação oficial e no jornalismo, e apela ao diálogo como saída para a crise social
Luanda, 29 de julho de 2025 —
A jornalista e analista social Maria Luísa Rogério fez esta terça-feira um pronunciamento contundente sobre os acontecimentos que marcaram a greve dos taxistas em Luanda, criticando a cobertura limitada da comunicação social e o distanciamento das autoridades face à realidade vivida nas ruas.
“Ao passar apenas a versão oficial da ANATA, a comunicação social tapou o sol com a peneira e prestou um péssimo serviço ao público”, afirmou. Segundo a jornalista, a confiança cega na versão do cancelamento da greve induziu em erro milhares de cidadãos que se viram encurralados por uma paralisação real e incontrolável.
Maria Luísa Rogério recordou que os sinais do caos iminente estavam disponíveis, sobretudo nas redes sociais, e lamentou que a imprensa tradicional tenha ignorado essas evidências. “Tranquilizaram a população sem fundamento. E o resultado foi o caos.”
No seu pronunciamento, a jornalista destacou a profunda crise social que se alastra no país, afirmando que há pessoas que já perderam tudo — até mesmo o medo. “Vimos cidadãos bem vestidos a saquear contentores. O desespero saltou das estatísticas para as ruas. E não se responde ao desespero com indiferença.”
Embora condene os actos de vandalismo, Maria Luísa insiste que é preciso analisar as causas, e não apenas as consequências. “Fome, desemprego, falta de perspectivas, educação fragilizada, ausência de valores cívico-morais. Tudo isso está na raiz do que vimos acontecer.”
A crítica não poupou também os líderes e decisores públicos:
“Nenhum chefe precisa andar de candongueiro para perceber a realidade. Mas é preciso, no mínimo, que se rodeiem de enviados especiais capazes de relatar com verdade o que se passa no país real.”
Na sua visão, a comunicação social deve assumir com seriedade o seu papel de mediador entre o poder e o cidadão. “O jornalismo é serviço público. É bem público. Fazer jornalismo exige ética, cruzamento de fontes, respeito pelo contraditório. E coragem.”
Maria Luísa Rogério terminou o seu pronunciamento com um apelo à ação:
“A gestão de crises não se faz apenas com silêncio ou repressão. Faz-se com comunicação e diálogo. Só assim evitaremos novos episódios de desespero colectivo.”
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