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Alírio Njolela Lena Gomes Jorge, fotografia postada por Adriano Sapinala deputado da UNITA |
Por Redação 8000
O nome de Alírio Njolela Lena Gomes Jorge, mais conhecido como General Big Jó, permanece vivo na memória coletiva de muitos angolanos que acompanharam de perto as décadas de guerra civil. Figura controversa e, ao mesmo tempo, lendária, Big Jó é lembrado como um combatente que dedicou a sua vida à causa pela qual acreditava, permanecendo até ao fim ao lado do líder da UNITA, Jonas Savimbi.
O homem por trás do apelido
Nascido em Angola, Big Jó cresceu num contexto marcado pela luta de libertação e pela instabilidade política. Rapidamente se destacou nas fileiras da UNITA, graças à sua habilidade em operações militares e à formação em explosivos. Entre os seus companheiros, ficou conhecido não só pela coragem em campo de batalha, mas também pela postura disciplinada e lealdade inquebrantável ao movimento.
Era descrito como um homem reservado, mas de firme convicção. Para os mais próximos, o seu outro apelido, “Lito”, revelava uma faceta mais humana e afetuosa, em contraste com a dureza exigida pelo seu papel de comandante.
O comandante da guarda presidencial
O auge da sua carreira militar deu-se quando assumiu a liderança da guarda presidencial de Jonas Savimbi. Naquele círculo restrito, Big Jó tornou-se um dos homens de maior confiança do líder da UNITA, sendo responsável direto pela sua proteção e segurança em território de guerra.
Sob o seu comando, tropas da UNITA resistiram em frentes importantes como Huambo, Bié e Mavinga. Também esteve à frente de batalhões de artilharia e engenharia, garantindo que a máquina militar se mantivesse ativa mesmo em momentos críticos.
O fim trágico
A morte de Big Jó está intimamente ligada aos últimos dias de Savimbi. A 22 de fevereiro de 2002, na região de Cassamba, província do Moxico, as forças governamentais intensificaram o cerco à coluna presidencial da UNITA. Relatos apontam que o general comandava o terceiro anel de segurança do líder quando foi atingido, acabando por sucumbir no confronto.
Para muitos analistas, a sua eliminação representou um golpe determinante para fragilizar a proteção de Savimbi, que seria morto pouco tempo depois. A versão oficial continua envolta em diferentes relatos e memórias, mas a narrativa que permanece é a de um general que caiu em combate, fiel até ao fim.
Legado e memória
Duas décadas após a sua morte, o nome General Big Jó ainda desperta debates. Para uns, foi um herói que lutou por aquilo em que acreditava. Para outros, uma peça de um conflito devastador que ceifou milhares de vidas angolanas.
Ainda assim, a sua figura continua a ser evocada como símbolo de lealdade, coragem e entrega total à sua missão. Um filho de Angola que, certo ou errado, não hesitou em doar a própria vida pelo ideal que abraçou.
Fontes bibliográficas
Club-K Angola.
Marcum, John. The Angolan Revolution. Cambridge, Massachusetts: MIT Press, 1978.
Malaquias, Assis. Rebels and Robbers: Violence in Post-Colonial Angola. Uppsala: Nordiska Afrikainstitutet, 2001.
Hodges, Tony. Angola: Anatomy of an Oil State. London: James Currey, 2004.
Entrevistas orais e relatos de ex-combatentes da UNITA, arquivados em centros de pesquisa sobre a Guerra Civil Angolana.
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