Justiça Militar determina libertação de Bubo Na Tchuto após três anos de prisão preventiva sem acusação formal

Bissau, 4 de setembro de 2025 – O Tribunal Militar Superior ordenou, esta quinta-feira, a libertação imediata do contra-almirante José Américo Bubo Na Tchuto, que esteve preso preventivamente durante três anos, sem acusação formal, por alegado envolvimento na suposta tentativa de golpe de Estado de 1 de fevereiro de 2022.

A decisão surge após a primeira audiência do julgamento, que acabou suspenso até outubro. Segundo o advogado de defesa, Marcelino Intupé, foi aplicada ao ex-chefe da Marinha guineense a medida de coação de permanência obrigatória no país e de apresentação periódica em tribunal, substituindo assim a prisão preventiva.

A audiência decorreu no salão do Tribunal Militar Superior e contou com presença restrita de familiares, advogados, jornalistas e algumas figuras militares, como o porta-voz do Estado-Maior, Samuel Fernandes, e o ex-comandante da Polícia de Intervenção Rápida, Mussa Nambatcha.

Durante a sessão, a defesa levantou dúvidas sobre a idoneidade de algumas testemunhas, alertando para possíveis irregularidades no processo. “Uma testemunha, de acordo com a lei, não deve ser alguém com possibilidade de envolvimento no caso”, afirmou Intupé.

O advogado recordou ainda que o mesmo juiz já teria ordenado a libertação dos detidos há cerca de um ano, decisão que não foi cumprida até ao momento.

Figura controversa

Bubo Na Tchuto é considerado uma das personalidades mais controversas da política e das forças armadas da Guiné-Bissau. A sua detenção, em 2022, provocou críticas de organizações nacionais e internacionais, que contestaram o longo período de prisão preventiva sem acusação formal, apontando violação de direitos fundamentais.

Com a decisão judicial desta quinta-feira, o processo segue agora suspenso, devendo ser retomado em outubro.

 Fonte: Rádio Sol Mansi