Idi Amin Dada: O Ditador que Marcou o Século XX em Uganda - Rádio 8000

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domingo, 24 de agosto de 2025

Idi Amin Dada: O Ditador que Marcou o Século XX em Uganda


Luanda – Poucos nomes na história africana contemporânea geram tanta polémica como o de Idi Amin Dada, militar que governou Uganda entre 1971 e 1979. Aclamado inicialmente como herói nacional, rapidamente se transformou num dos ditadores mais temidos do continente, deixando um legado de violência, arbitrariedade e colapso económico.

Da tropa colonial ao poder absoluto

Nascido por volta de 1925, na região de Koboko, no noroeste de Uganda, Idi Amin iniciou a sua carreira militar no exército colonial britânico, participando em operações no Quénia e noutros territórios da África Oriental. A sua robustez física e disciplina permitiram-lhe ascender rapidamente nas fileiras.

Em janeiro de 1971, aproveitando-se da ausência do então presidente Milton Obote, liderou um golpe de Estado e assumiu o poder. No início, foi recebido com entusiasmo por uma população cansada de instabilidade política, mas depressa se revelou implacável na consolidação do seu regime.

O regime do medo

Durante os oito anos em que esteve no poder, estima-se que entre 100 mil e 500 mil pessoas tenham sido assassinadas por razões políticas, étnicas ou pessoais. O regime de Amin perseguia opositores, intelectuais e minorias étnicas. Torturas, desaparecimentos forçados e execuções públicas tornaram-se práticas comuns.

Em 1972, decretou a expulsão da comunidade asiática, composta por cerca de 80 mil indianos e paquistaneses que controlavam grande parte da economia ugandesa. O que foi anunciado como um ato de “nacionalismo económico” acabou por mergulhar o país numa grave crise, com fábricas abandonadas, comércio paralisado e escassez de bens essenciais.

O ditador excêntrico

Idi Amin também se destacou pela sua excentricidade. Autoatribuía títulos extravagantes, entre os quais:
"Sua Excelência, Marechal de Campo Alhaji Doutor Idi Amin Dada, Senhor de Todas as Bestas da Terra e Peixes do Mar, Conquistador do Império Britânico na África em Geral e de Uganda em Particular".

Enquanto multiplicava declarações pomposas e caricatas, o povo vivia mergulhado no medo e na pobreza.

A queda e o exílio

Em 1978, após ordenar a invasão da Tanzânia, Amin foi derrotado. Tropas tanzanianas, em aliança com ugandeses no exílio, avançaram sobre Kampala e derrubaram o regime em abril de 1979.

O ditador fugiu, primeiro para a Líbia, depois para o Iraque e finalmente para a Arábia Saudita, onde viveu discretamente até à sua morte em 2003, com 78 anos.

Um legado sombrio

Apesar de algumas tentativas de relativizar o seu papel, a memória de Idi Amin continua indissociável da repressão e do atraso económico que impôs a Uganda. A sua governação permanece como exemplo extremo dos riscos do poder absoluto e da instrumentalização do nacionalismo.

Mais de quatro décadas após a sua queda, o país ainda carrega as cicatrizes de um dos períodos mais sombrios da sua história.

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