Opinião: Dois Pesos e Duas Medidas — A Presença do Político na Vida Pública

Por Nadilson Paim

Reflexão sobre o papel dos políticos na sociedade e a necessidade de uma mudança de mentalidade coletiva.

Vivemos tempos em que a presença de um político em qualquer espaço público é imediatamente questionada. Seja num funeral, numa celebração religiosa ou num ato cultural, a sua participação é frequentemente vista com desconfiança e julgada como oportunismo. Esta realidade não apenas revela a fragilidade da nossa confiança nas instituições, como também expõe o despreparo da sociedade para lidar com o verdadeiro papel da política na vida coletiva.

Na prática, pedimos que os políticos se afastem das causas do povo, mas, ao mesmo tempo, exigimos que estejam presentes e que nos representem. Esta contradição levanta uma questão essencial: afinal, em que ficamos?

A política não pode ser tratada como um território exclusivo de interesses ocultos ou manipulações. Pelo contrário, ela deve ser compreendida como um espaço de participação, responsabilidade e compromisso com o bem comum. Negar aos políticos — ou a qualquer cidadão — o direito de se posicionar, é alimentar uma cultura de silêncio e afastamento, que em nada contribui para o desenvolvimento social.

“Se quisermos realmente mudar o país, temos de começar por mudar a forma como olhamos uns para os outros”, defende Nadilson Paim. Para ele, não se trata apenas de dar espaço aos políticos, mas de compreender que todos — artistas, académicos, trabalhadores, estudantes — têm o direito e o dever de intervir diante das situações sociais e políticas do país.

Enquanto persistirmos na divisão e na suspeição permanente, continuaremos a errar. E, infelizmente, continuaremos também a nos afastar do progresso e do objetivo comum que tanto desejamos: uma sociedade mais justa, unida e verdadeiramente representada.

Porque, honestamente, assim não chegaremos lá.