Segundo informações oficiais, 22 pessoas morreram, cerca de 197 ficaram feridas e mais de 1.200 foram presas durante os confrontos entre manifestantes e forças de segurança. Além disso, foram reportados 66 estabelecimentos comerciais vandalizados e 25 viaturas danificadas.
Violência e Repressão
Testemunhas relatam que a resposta das autoridades foi marcada pelo uso excessivo da força. Organizações internacionais como a Human Rights Watch denunciaram o uso de gás lacrimogéneo, balas de borracha e até disparos com munição real para o ar como forma de dispersar os protestos, o que teria contribuído para o agravamento do cenário de violência.
Em bairros como Viana e Cazenga, epicentros da resistência popular, os protestos transformaram-se em confrontos, resultando em danos materiais significativos e um clima de medo entre os moradores.
Apelo da Igreja
Diante do agravamento da situação, a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) fez um apelo público à moderação, tanto por parte dos cidadãos quanto das autoridades. Os bispos pediram que se evite o vandalismo, que as forças da ordem atuem com "equilíbrio e respeito pelos direitos humanos".
“Apelamos à juventude para que não se deixe instrumentalizar pela violência, e ao Governo, que privilegie o diálogo em vez da repressão”, declarou a CEAST em nota oficial.
Medida Económica com Custo Social
O aumento do gasóleo integra um plano de reformas económicas do executivo angolano, que pretende reduzir os subsídios aos combustíveis – responsáveis por quase 4% do PIB em 2024 – para conter o déficit fiscal. Especialistas alertam, contudo, que tais reformas sem medidas compensatórias podem agravar a pobreza e intensificar o descontentamento social.
Perspetivas
Analistas consideram que os protestos refletem um acúmulo de frustrações sociais num país onde o desemprego, a inflação e a crise dos serviços públicos são desafios persistentes. A situação impõe ao Governo angolano o desafio de equilibrar a disciplina fiscal com a estabilidade social, sob o olhar atento da comunidade internacional.
Sem comentários:
Enviar um comentário