Pequim, 16 de junho de 2025 – A China anunciou oficialmente a aplicação de tarifas aduaneiras zero para produtos importados de 53 países africanos, numa medida que visa fortalecer a cooperação sul-Sul, promover o desenvolvimento económico do continente africano e impulsionar as trocas comerciais com Pequim.
Segundo comunicado do Ministério do Comércio da China, a isenção abrange produtos de origem africana que se enquadram nas regras de origem preferencial, como produtos agrícolas, minerais, têxteis, e manufaturados leves. A medida entrou em vigor neste mês e cobre milhares de categorias de produtos.
Uma parceria estratégica com o continente
A iniciativa faz parte dos compromissos assumidos pela China no âmbito do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), e alinha-se ao plano chinês de promover um comércio mais equilibrado e sustentável com os países em desenvolvimento, especialmente em África.
“Esta política tarifária demonstra o compromisso da China em apoiar o crescimento industrial e comercial dos países africanos, ajudando-os a alcançar um maior valor agregado nas suas exportações”, declarou Wang Wentao, ministro do Comércio da China.
Impacto esperado em África
Especialistas africanos veem na decisão uma oportunidade para estimular a produção local, atrair investimentos e melhorar a balança comercial de muitos países do continente. Nações como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde estão entre os países que poderão beneficiar-se da medida.
“Se os nossos governos souberem negociar bem, essa medida pode representar um verdadeiro impulso para o agro-negócio e a indústria transformadora africana”, destacou Ana Kiala, economista angolana.
Desafios
Apesar do otimismo, analistas alertam para os desafios logísticos, sanitários e de certificação de origem, que podem limitar o aproveitamento efetivo do benefício por parte de produtores africanos.
Além disso, há preocupações quanto à dependência crescente das exportações africanas em relação ao mercado chinês, e à necessidade de garantir que as relações sejam verdadeiramente equilibradas e benéficas para ambos os lados.
Contexto:
A China é atualmente o maior parceiro comercial de África, com trocas superiores a 250 mil milhões de dólares em 2024. A aplicação de tarifas zero reforça esse laço, mas impõe também aos países africanos o desafio de diversificar suas economias e negociar com soberania.
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